Ser ou Ter? Uma reflexão sobre o consumo de alto padrão.
Desde que me conheço por gente observo o comportamento e os processos de decisão de compra. Profissionalmente, minhas escolhas...
Você sabia que antes daquela poltrona que você tanto ama chegar na sua sala ela passou quase 1 ano sendo estudada milimetricamente? Não vou mentir, apesar de hoje ser designer de móveis, antes de entrar efetivamente no mercado, eu não fazia ideia de como esse processo acontecia.
Sou nova na área, e apesar de ser também arquiteta e trabalhar nesse mercado “primo” do design há alguns anos, descobri que os processos são bastante diferentes. O primeiro ponto a ser levado em consideração é que quando lidamos com arquitetura de interiores, lidamos quase sempre com um sonho individual, um projeto feito exclusivamente para uma pessoa, uma empresa, seguindo exatamente as diretrizes que o contratante nos indicou. No caso do design de móveis o projeto é pensando em uma escala muito maior, em um conjunto de pessoas, e não mais o indivíduo em si, o que torna o processo um pouco mais complexo.
O primeiro passo é entender o público alvo, para quem estamos desenhando. Este produto será para uma família de classe média, com muitos filhos e um cachorro? Será para um rapaz solteiro no auge da carreira? Ou para uma idosa com algumas limitações de locomoção? Entender o comportamento e desejos do seu cliente é a base de todo o processo.
Uma vez definido, agora finalmente começamos a desenhar, nesse processo criativo, é sempre importante fazer pesquisas de tendências, entender o que está fazendo sucesso no mercado, materiais, cores, texturas, além é claro, de estudar a ergonomia do produto, pois conforto é sempre um dos pontos principais na qualidade dele.
Mais adiante, é preciso estudar os processos de produção. É plausível de ser executado? Quando custa para fazer esse corte arredondado? Ele realmente é necessário? Usando como base a média do preço final do produto estabelecida no momento de definição do público alvo, precisamos estudar a viabilidade, custo X preço final, para entender se vale a pena ou não produzir aquele móvel.
E então, o processo que vai comprovar se todo o método criado por você na teoria é realmente plausível na prática: a prototipagem. É nessa fase que o detalhamento técnico entra, as definições dos materiais são postas à prova, e a ergonomia é testada efetivamente. Quanto tempo o produto leva para ficar pronto? Conseguimos oferecer 1 ano de garantia para o consumidor? Tudo isso é levado em consideração. Ajustes quase todas das vezes são feitos, por mais experiente que o designer seja, e ainda assim, algumas vezes, todo aquele estudo e esforço acaba não sendo viável, e o produto é descartado.
Pois é, bastante coisa não é mesmo? Mas a sensação do trabalho cumprido quando tudo dá certo, ao ver o seu desenho sair do papel e chegar às lojas, é quase como o do nascimento de um filho. Mas não se iluda, o trabalho não acaba por aí, é imprescindível o acompanhamento do produto no pós-venda, saber se deu algum defeito, se a almofada descosturou, o parafuso escolhido enferrujou, essa é a chave do sucesso, pois só assim conseguimos evoluir para as próximas coleções.
O designer é um eterno aprendiz.
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O comportamento humano e o estilo de vida têm impacto direto no design das coisas e o mobiliário não fica de fora, visto...
Iniciar uma nova coleção é sempre inspirador, pois a efervescência da criação vai se manifestando...
A determinação humana em busca da evolução e do aprendizado remete a novos valores e novas...